Saúde mental (escrito em 16/08)

Hoje levantei da cama agora às 7:00 da manhã e desisti de dormir. Estava muito ansiosa, com muitos pensamentos e resolvi levantar e ser produtivo. Enfim, melhor começar o dia ao invés de ficar lutado contra o sono e pensando em mil coisas que insistem em permanecer. Se teve algo que aprendi nos últimos anos é exatamente não lutar contra a maré. Aceitar nossos processos e sentimentos é a forma mais fácil de lidar com os problemas e ajuda a minimizar bastante as questões. 
Despertei para amamentar a minha filha e depois não consegui dormir mais. Na mente, muitos pensamentos divergentes: Coisas para fazer, Sonhos, erros e acertos. Fiz um chá para me ajudar na recuperação de uma gripe sinistra que me acompanha a alguns dias. Resolvi escrever, pois é uma forma que adoro de organizar os pensamentos e desabafar os desaborres. 
Comecei a pensar no relacionamento com a minha mãe. Acho que no final das contas, a gente realmente acaba só compreendendo os nossos pais depois que a gente passa pro lado de cá, depois que a gente se torna pai  e mãe. É, de fato, uma relação muito complexa porque ela explora o que você tem de melhor e o que você tem de pio. Com a chegada da Clarice, por exemplo, tenho percebido o quanto ainda precisa desenvolver a paciência porque muitas vezes ficamos extremamente irritados com o choro incessante. A maternidade também desenvolve nossos medos mais profundos. Eu tenho tido vários pensamentos psicótico. Fico imaginando ela caindo ou se jogando de algum lugar, batendo a cabeça e se machucando. Enfim, é um sentimento muito doido e talvez seja um artifício da natureza pra garantir a segurança da criança, de forma a garantir que os pais não irão deixar que nada de mal aconteça com a criança. É uma forma de garantir a continuação da da sociedade. Por isso, a partir dessa experiência de vida, potencializou ainda mais a vontade de mudar a minha relação com a minha mãe. Fico com vontade de "me abrir com ela", trocar mais, vencer essa dificuldades de falar sobre os meus sentimentos pra ela. Preciso urgentemente dar esse passo. Minha mãe está envelhecendo e não quero perder a oportunidade. Entendo que a iniciativa deve partir de mim e não quero deixar essa oportunidade passar.

Ultimamente eu tenho pensado muito e volto a lembrar do episódio do centro espírita do Rita de Cássia. Entendo que foi um momento onde eu tive coragem de expor meus sentimentos, de abrir a minha vulnerabilidade, porque eu tinha a expectativa de que isso iria causar um impacto positivo naquele grupo. a minha intenção com o discurso era boa. Embora eu tenha falado sobre todo o grupo (e de fato acho que todos ali precisavam ouvir), eu queria ter falado um pouco mais pra Fernanda. Acho ela uma ótima pessoa e ótima líder, mas queria ter falado o quanto ela é invasiva, quanto ela age de forma equivocada com o próximo e desalinhada do discurso X prática. Minha ideia não era magoá-la, mas fazê-la refletir, para que ela tivesse a oportunidade de ir para um caminho diferente, pois acho que a pior coisa é você acreditar que está fazendo a coisa certa e, na verdade, não está. E aí você está gerando uma horda de pessoas magoadas com você, que falam mal e te criticam, e nunca tem coragem de falar diretamente pra você. Eu confiava no potencial da Fernanda, confiava na capacidade dela de mudar o comportamento através da auto reflexão. E minha intenção naquele dia era provocar essa reflexão. Minha intenção nunca foi apontar os dedos pra ela, mesmo porque acredito que não era só ela que precisava fazer algo ver essa reflexão e pensar dessa forma. O fato é que algo deu errado e hoje me sinto mais culpada do que qualquer outra coisa. Vez ou outra faço reflexões para entender quais os mecanismos que ressoaram em mim, afinal, não quero esse papel de vítima. Também sou responsável por isso e, como estou há mais de um ano martelando esse evento na minha cabeça, é porque tem algo em mim que preciso revisitar. Ás vezes eu penso que isso tem a ver com a frustração de expor meus sentimentos e não ser reconhecida. Algo natural, já que meus pais não nos ensinaram a fazer isso. 

Outros pensamentos que pairavam na minha mente foi os sentimentos que maternidade me trouxe o que de diferente está acontecendo comigo que processos, para que eu consiga trabalhá-los junto com a Rita e potencializar minha experiência no coaching. Entendo que preciso aprender a lidar melhor com tempo com as prioridades da vida e repensar meus planos profissionais. Esse último é algo muito forte. Muitos pensamentos estão chegando com esse enfoque. Sinto uma grande necessidade de voltar a ser economicamente ativa, de voltar a ser produtiva e de ir busca da realização daquilo que eu quero ser como profissional. Não quero reproduzir o que aconteceu com minha mãe, que abriu mão da vida profissional dela pra cuidar de nós. É claro que pra minha mãe o pilar profissional talvez não tem o mesmo peso que tem pra mim, afinal, somos pessoas diferentes. No meu caso, eu dou importância isso não quero abrir mão da minha identidade profissional.  Ainda que eu tenha planejado isso (estar no primeiro ano da minha filha ao lado dela), entendo que preciso encontrar um equilíbrio em ser economicamente ativa e estar dedicada a ela. 

Outro pensamento gritante é que sinto que a maternidade potencializou minhas sombras: medo de não ser boa o suficiente, medo de falhar. Essa questão da falha é muito ruim, pois vou falhar muitas vezes. Talvez eu não cometa as mesmas falhas que os pais cometeram, mas eu vou ter falhas diferentes. Eu preciso aprender a acolher essa minha falhas eu preciso acolher esse sentimento de frustração que é natural. Preciso abrir mão do perfeccionismo obsessivo, que foi algo que eu aprendi na infância. Aprendi a ser amada apenas se eu tivesse um comportamento perfeito. Por isso, em vários episódios da minha vida, quando eu achava que ia decepcionar meus pais eu simplesmente mentia ou omitia. Eu não deixava aparecer essa essa falha porque, no meu pensamento, eu não seria amada. 
Outra coisa que mudou muito com a maternidade foi o meu relacionamento com Leandro. Nossa relação mudou completamente, a começar pela questão sexual que não está rolando. Eu não tenho sentido vontade e ele também está respeitando esse momento. Mas acho isso muito ruim, afinal, o sexo na relação é fundamental e não gostaria que a maternidade anulasse essa parte da minha vida. Também estou querendo entender esse aspecto. 
Outro outro ponto é a questão do controle. Ter filhos é um grande exercício de abrir mão do controle porque você, além de não controlar os próprios filhos, são pessoas diferentes de você e não necessariamente farão aquilo que você quer que eles façam. É preciso nivelar as expectativas. E é importante lembrar que a maternidade potencializa as nossas sombras. Por isso, como eu tenho uma grande dificuldade de autoestima, se eu quero desenvolver a autoestima na Clarice, eu também preciso trilhar esse caminho antes. É preciso aprender a me amar e me aceitar como eu sou, entender as minhas vulnerabilidades, para pra que eu consiga transmitir a ela esse mesmo sentimento de amor próprio. Do contrário, vai ficar apenas na teoria. 

Além de tudo isso, eu meu orgulho bastante das minhas decisões tomadas até aqui. Eu acredito que eu sou uma ótima pessoa, eu tenho um bom perfil, sou muito competente naquilo que eu faço. As reflexões que por ora eu faço é de que, talvez, eu tenha tomado algumas decisões erradas. É claro que aqui não cabem arrependimentos por que hoje, todo aprendizado que eu tenho está baseado nessas escolhas que eu fiz. Se eu não estivesse feito tudo isso, eu seria um ser humano diferente e não teria absorvido tantas coisas. Apesar dos erros e tropeços, eu sou muito feliz com a trajetória que trilhei até agora. Mas eu quero uma nova caminhada daqui pra frente. Eu quero e preciso trabalhar daqui pra frente em algo que eu seja apaixonada. Aí está uma grande dificuldade: primeiro é descobrir quais são meus paixões o que eu sou vocacionada fazer. Eu ainda não tenho essa resposta porque eu faço tantas coisas, eu gosto de tantas coisas que eu fico confusa sobre o caminho na qual seguir. Além disso, tem a questão da procrastinação. Tenho uma dificuldade muito grande de transformar meus pensamentos criativos em ação. Muitas vezes eu idealizo, penso, planejo, mas na hora de executar eu tenho muita dificuldade. Isso é algo que eu quero resolver porque não quero passar a minha vida com a sensação de que eu poderia ter realizado mais do que eu consegui realizar, já que capacidade criativa eu tenho. Nesse ponto, uma reflexão que eu tenho feito nos últimas meses é que o problema da autoestima seja tão forte que me atrapalha a seguir o caminho da ação. Por mais que me ache capaz, que eu acredite na minha capacidade, que eu confie minha capacidade (e isso é real porque quando leio sobre pessoas de sucesso, eu tenho grande parte das características delas), a questão da autoestima aciona algum dispositivo que me impede de ir à luta, me impede de desenvolver algo eu acredite. Pode ser o medo de falhar. Não acredito que seja o medo de me me lançar, porque me considero uma pessoa corajosa, que se lança na vida, e que promove mudanças significativas. Por isso, preciso desenvolver mais isso, preciso elaborar melhor e entender de onde vem essa dificuldade e essa procrastinação. 

Comentários

  1. Voltei ao Blog, ao Mercado da Saudade, e nos links estava o teu: Vida Louca....Vida Breve, longe de mim imaginar que continuasses a publicar textos, longe de mim sonhar que somos mais parecidas do que imaginamos ser. Pois bem, eu também vivi essas maleitas da maternidade, com todos os medos e afins que a responsabilidade nos traz depois de parirmos, sim parir é o termo! Depois de parir, vem a maternidade, e essa sim, começa a ser doce e mais doce à medida que as noites mal dormidas se vão atenuando. Eu sempre tive muita sorte com o Luís, pois ele, a partir dos 3 meses de Miguel, assumiu o controlo das noites em que o meu filho chorava só porque lhe caia a chupeta. Até então, sentia-me uma vaca leiteira, mas que pouco dava leite, e o meu filho insistia em não mamar. Foram 3 meses muito complicados, eu nunca pensei que ter um filho na Alemanha, longe da família, fosse tão penoso.
    Minha querida, tudo se resolve, pensa assim, só no Brasil, vocês são mais que milhões, muitos sobrevivem em favelas, por isso, respira fundo, e matem-te calma :)
    Vai dando noticias!
    Com um apertado abraço virtual,
    Filipa.

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    1. Ah...que surpresa boa ver você por aqui. E peço desculpas pelo texto confuso e mal escrito. Foi uma manhã esquisita e enquanto eu passava roupa (ui) eu fui ditando os pensamentos que vinham na minha cabeça e o aplicativo ia escrevendo a minha fala. Por isso tantas palavras "esparramadas". Ao final, dei apenas uma analisada na pontuação e "pimba"...coloquei aqui para manter o registro.
      Mas então, querida amiga, a maternidade me abriu um enorme portal de amor e sombra. Estou adorando a experiência, ao mesmo tempo que me assusta muito tudo isso. Mas sigo firme, na certeza que vou falhar, mas farei o melhor que eu puder.
      Diante de tudo isso, a escrita têm sido minha terapia. Ela me ajuda bastante a organizar meus pensamentos e, por isso, continuo por aqui após tantos anos. Os textos mudaram de foco, desde àquela experiência de intercâmbio, mas sinto que ainda tenho muito a aprender e registrar por aqui. Só não imaginava que ainda teria seguidores.....e fico feliz de te ver por aqui. Assim, sinto-a um pouquinho perto de mim e é uma forma de matar as saudades, já que não nos vemos há tantos anos. Mas saiba que vontade não falta e sei que ainda iremos nos reencontrar.

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