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Mostrando postagens de 2017

O mundo só quer dar opinião

Eu devia ter uns 10 anos quando, na aula de português, interpretamos um texto que falava sobre a importância de termos opinião sobre os assuntos. Não me recordo do nome, nem do autor, mas a lição daquele texto me trouxe à tona uma responsabilidade enorme, no auge da minha inocência, de que para tudo na vida deveríamos ter uma opinião própria, e jamais ficar sobre o muro.  De fato, fiz desse lema a minha prática e passei anos a fio concatenando opiniões, formulando questões na minha cabeça e tomando partido de todas elas. Ora de forma equilibrada, ora de forma passional, eu sempre tinha minha opinião para tudo e fazia dela a minha espada de combate. Mas aos poucos, a vida vai nos ensinando, vai nos mostrando que para ter opinião é preciso ir além de apenas dar opinião. Antes de mais nada, é preciso ser humilde e conhecer a questão, à fundo. Do contrário, viramos soldados das verdades absolutas e nos tornamos uns chatos “valorizando as pequenas discussões em torno de pontos de vi

1 ano dos Jogos Rio2016

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Ontem, dia 05 de Agosto de 2017, fez 1 ano da abertura dos Jogos Olímpicos Rio2016. Nas redes sociais chovem mensagens de gratidão, de lembranças e de alegria. Diversas pessoas que trabalharam comigo nos Jogos tem apenas palavras doces e  belas para relembrar aquele período tão intenso que vivemos: "Maior e melhor projeto da vida", "Maior oportunidade profissional", "Foi maravilhoso participar", "Muito orgulho".....todo mundo tem algo de positivo para falar. Aí eu fico aqui, com meus pensamentos tentando encontrar alguma coisa de positivo naqueles 4 anos que foram extremamente pertubadores para mim. Fico tentando puxar da minha memória alguns poucos momentos de alegria, defelicidade que senti, de orgulho. Está difícil achar e acaba sendo mais pertubador ainda, porque a gente precisa ser positiva, né. Pensar no copo mais cheio e nunca no copo mais vazio, afinal, tem tanta gente com problema no mundo, tanta gente sem oportunidade. Eu comecei o

Novo amanhecer

O sol brilha lá fora, mas chove aqui dentro do meu peito. Dores, pensamentos e decepções. Sei que não vai durar pra sempre, que esse momento vai acabar assim como os dias felizes. Mas estou querendo viver essa dor, sem me fazer de fortaleza, sem sofrer calada e sem diminuir minhas dores perante às do mundo. Ainda não consegui ser mãe e cada mês de tentativa fracassada é um vazio que sinto por dentro. Sei que estou ansiosa demais e isso só atrapalha esse processo. Mas estou lutando contra isso, buscando ajuda, procurando outros pensamentos, tentando me desconectar desse cinza intenso que me envolve. Cada olhar infantil, cada reclamação de mãe, cada mão dada, cada sorriso de criança me faz lembrar o tamanho do desejo e o tamanho da minha expectativa. E cada frase ou comentário dito trás um peso tão grande, como uma flecha que me faz lembrar que eu não controlo tudo. Que a natureza e a espiritualidade são soberanas e que eles é que regem o universo. Que não adianta querer e nem controlar

Insônia

Está difícil dormir, entao resolvi levantar e escrever em uma tentativa de derramar com palavras todas essas lágrimas que tenho guardado no peito, toda essa angustia que me consome e me trás insônia. Perdi uma gravidez em Outubro de 2015. Era algo que queríamos tanto, mas eu parecia precintir que alguma coisa aconteceria, tanto que nem quis compartilhar com ninguém, preferi viver sozinha, calada e contida toda a minha alegria e minha tristeza. Vivi meus sonhos, criei minhas próprias espectativas, fiz meus planos e tracei muitas conversas, mas foi rápido e em apenas algumas semanas tudo se foi. E hoje quando lembro vejo que eu queria tanto aquilo, mas tinha tantos medos, e foi num período tão conturbado que talvez eu tenha sido responsável por tudo isso. Embora já tivesse um amor incondicional, crescendo em mim a cada dia, eu estava em um trabalho tão nocivo, envolta por pessoas tão difíceis, que talvez eu tenha me auto-intoxicado, não permitindo que o meu bebe se desenvolvessse c

Coisas que aprendi durante meus 49 dias de férias

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  Eu e meu marido passamos 49 dias em Fortaleza, intensos, verdadeiros e reflexivos. Retornei ao meu habitat natural em 01/fevereiro, mas toda a erupção de pensamentos desses dias em "terras estranhas" insistem em permanecer aqui no meu consciente. Por isso, resolvi escrever esse post, para exorcizar essas questões internas (já que a terapia só será retomada em março). E em meio a tantas sessões de terapia de família, surpresas, isolamentos, leituras, barulhos e silêncios, descrevo aqui coisas que aprendi durante esses dias e que me transformaram, de alguma forma: 1) Qualquer relacionamento para se manter vivo e permanente precisa de atenção e cuidado. Nada está formatado e inerte, sem movimento, 2) Até o mais sólido dos relacionamentos podem ter seu momento de crise e de ruína se não estivermos atentos aos sinais. Regar é preciso, diariamente!, 3) A única constante da vida e a mudança. E que bom que isso acontece!, 4) Existem coisas que não devem ser d