Insônia


Está difícil dormir, entao resolvi levantar e escrever em uma tentativa de derramar com palavras todas essas lágrimas que tenho guardado no peito, toda essa angustia que me consome e me trás insônia. Perdi uma gravidez em Outubro de 2015. Era algo que queríamos tanto, mas eu parecia precintir que alguma coisa aconteceria, tanto que nem quis compartilhar com ninguém, preferi viver sozinha, calada e contida toda a minha alegria e minha tristeza. Vivi meus sonhos, criei minhas próprias espectativas, fiz meus planos e tracei muitas conversas, mas foi rápido e em apenas algumas semanas tudo se foi. E hoje quando lembro vejo que eu queria tanto aquilo, mas tinha tantos medos, e foi num período tão conturbado que talvez eu tenha sido responsável por tudo isso. Embora já tivesse um amor incondicional, crescendo em mim a cada dia, eu estava em um trabalho tão nocivo, envolta por pessoas tão difíceis, que talvez eu tenha me auto-intoxicado, não permitindo que o meu bebe se desenvolvessse com saúde.


O tempo passou e eu achei que seria mais fácil lidar com isso. Não está sendo. Passados um ano e meio ainda não consegui engravidar de novo. E a cada mês que passa, mais expectativas me acompanham, mais medos, mais culpa. Culpa é um sentimento ruim e eu não quero sentir, mas é inevitável frente aos abusos que cometi quando era mais jovem. Tenho culpa sim, muita. Ainda não aprendi a lidar com isso de forma clara. Peço perdão todos os dias, mas sou eu mesma que não consigo me perdoar. Eu mesma sou juiza da minha própria inocência. Eu mesma defino a minha auto-punição e faço minha mente processar esse flagelo. Não sei como lidar com isso, nem estou conseguindo trazer leveza para essa situação.


Eu tenho vontade de falar isso para alguém. Tenho vontade de contar todo o meu passado e meu presente para que alguém me entenda e me oriente. Ou que seja apenas um ombro amigo, equilibrado. Mas nos últimos meses eu estive envolvida com o problema e a dor de tanta gente, que talvez não ache digno a minha própria dor interna. Fico pensando que é bobagem sofrer por isso, já que tenho tanta coisa boa. Mas sinto que a dor está ficando maior do que eu mesma. Aí eu adoeço, meses sem fim, espirrando dores, tossindo tristezas, engolindo excreções de culpa e remorso que me sufocam.

Por mais que eu tente, não consigo deixar de me comparar com outras histórias. É verdade que não conheço a fundo os detalhes de cada uma, mas sempre que comparo, vejo que preciso de mais e mais paciência, porque o meu momento é demorado e me impõem um exercício frequente de resiliência. Sigamos em frente!

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