Diário de Viagem

Eu estive ausente, estive de férias, estava passeando. Fui ali fazer uma bela viagem de 27 dias com meus queridos pais pela Europa. Para completar a perfeição, fomos de moto-home e desbravamos lugares fantásticos por terra. Esta foi, sem dúvida, a realização de um grande sonho. Por todo o planejamento, expectativa e entusiasmo depositado nessa grande jornada, nada mais justo que detalhar os momentos mais importantes dessa aventura no Antigo Continente.

Segunda-feira (dia 01/09)


O início de Setembro começou agitado, com direito à mudança dentro de trailler. Foi sorte poder contar com a ajuda dos meus pais nesse momento. Também já não dava para pedir isso ao Luis e a Filipa. Eles que me ajudaram tanto ao longo desses meses, não mereciam passar por essa última prova de fogo. Passamos o Domingo empacotando malas, desmontando móveis e arrumando as coisas. A segunda-feira foi curta para tanta coisa. Acabamos chegando na loja do trailler atrasados. O ponto máximo do dia foi andar de garupa na bicicleta tendo meu pai como guiador. Eu não podia me segurar de tanto rir....Ora...bolas....nunca fui carregada pelo meu pai numa bicicleta que tem um ar bastante nostálgico, para não dizer antigo. Retomou a lembrança da infância.

Caímos, mas apenas 1 vez. Suamos a camisa e entulhamos tudo na casa dos meus maravilhosos amigos Filipa e Luis. Só mesmo eles!!! A esperança é conseguir vender tudo no retorno da viagem. Preciso garantir uma graninha adicional. Espero que dê certo!!!


Terça-Feira (dia 02/09)

Acordamos cedo (na casa dos meus salvadores), liguei para a imobiliária (o idiota do Mr. Buchon não me entregou o Livro calção) e pegamos estrada por volta das 12:00. A primeira parada foi em Leipizig.


LEIPIZIG

Bela pequena cidade. Fizemos apenas uma visita de médico, de passagem. Mas foi o tempo suficiente para sentí-la, com suas escolas de música e influência de Bach. Visitamos a catedral, as ruas do centro, a feira, o Museu de Sebastian Bach.

Foi também nesse ponto da jornada que reconhecemos a magnifíca eficiência do nosso sistema GPS (apoio total e absoluto do meu amigo Luis), que foi carinhosamente apelidado de Portuga. Não sei como a humanidade conseguiu chegar em algum lugar sem essa maravilha tecnológica.

Dormimos na estrada, num ponto de apoio. Cozinhamos e eu tomei banho dentro do trailler. Estávamos anestesiados de felicidade pela possibilidade que o nossa casa-rodante nos proporcionava. Esse momento de êxtase rendeu algumas boas fotos.


Quarta-Feira (03/09)

PRAGA

Chegamos na Capital Checa por volta das 14:00. Foi o tempo de um almoço rápido no moto-home e rumamos para o Centro. O camping era muito bem localizado e em poucos minutos chegamos até a parte Central da cidade. Já de imediato fiquei boquiaberta com a beleza de Praga.

A falta de mapa nos tirou alguns minutos, despendidos na tentativa de identificar a direção correta. Após andar para lá e para cá, descer e subir, resolvemos seguir pelas margens do Rio Vlata (felizmente para a direção correta).

O ponto alto da viagem foi o reencontro com a Marketa. Por volta das 16:00 me comuniquei com ela e nos encontramos em frente à Ponte Carlos. Mas que cenário mais lindo para o reencontro de duas amigas após 1 ano. Confesso que meu estômago doía de ansiedade enquanto a aguardava. Quando vi que ela aproximava-se, apressei o passo para que o nosso abraço fosse mais rápido. Choramos.....como duas bobas. E meu coração palpitava de emoção!! Meus pais ficaram sentadinhos no canto, apreciando o encanto do nosso encontro.

Caminhamos pela bela cidade e a Marketa nos ajudou com o pequenos detalhes: passe de transporte, compras, troca de câmbio. Para quem estava começando, foi ótimo poder contar com essa ajuda tão especial.

Conversamos durante horas, sobre muitas coisas. E acabamos comendo comida tipicamente Checa: Dupplings. É uma espécie de pão feito com batata e farinha. Não chega a ser bom, mas também não é ruim.

O que falar da cidade.......Hum...Sem palavras. Praga é simplesmente linda, seja de dia ou de noite. Possui uma beleza única, refletida nas margens do Rio Vlata. Seus edifícios, igrejas e sua cultura a tornam especial. As atrações são muitas e, como só ficamos dois dias, deixou uma vontade de “quero mais”, talvez motivada pela vontade de reencontrar a minha querida amiga Marketa em breve.

Pegamos estrada no dia 04/09 com uma certeza: Praga merece umas férias completas de pelo menos 1 semana. Certamente voltarei.

Uma curiosidade: Imaginei encontrar um povo belo pelas rua, mais pelas expectativas que tinha em função da beleza da minha querida Marketa. Mas talvez pela presença constante dos turistas, não achei nada muito surpreendente.


Sexta-Feira (05/09/2008)

BUDAPESTE

Chegamos na capital Húngara por volta das 19:00 horas. A Viagem foi longa porque resolvemos não parar em Bratislava, conforme o programado. Mas apesar do cansaço, curtimos a viagem, a estrada e a diferença de paisagem que víamos cada vez que cruzávamos a fronteira. Cortamos toda a Eslováquia e não entendemos bem as duas fronteiras. Já não existem mais controles de passaporte, mas acabamos parando pela falta de informação. Entramos no antigo escritório da policia e tentamos nos comunicar, em vão. No fim das contas, o policial apenas nos orientou para a compra do selo que permite o tráfego no país. Na chegada à Budapeste, encontramos o camping e acabamos não saindo pelo tardar das horas. Fomos à cidade apenas no dia seguinte, pela manhã.

Outras paisagens, outros ares, outras pessoas, outros costumes. Tudo completamente diferente. A cidade é muito bonita e têm muitas atrações. Acabamos dividindo os dois dias de nossa estada: Um dia para o lado de Peste e o outro para Buda. Peste é muito interessante. Possui construções gigantescas e belíssimas: o Congresso, O Museu de Etmologia, Catedral de São Estevao (talvez a igreja mais bonita que já vi até o momento), o parque da cidade, a avenida cultural. Buda também não fica atrás. Adorei caminhar pelas ruas do bairro do Castelo e apreciar a paisagem da cidade lá do alto. Me fez lembrar Santa Teresa, que tanto gosto. Mas sem dúvida, o ponto máximo da viagem à Budapeste ficou por conta do passeio de barco no Rio Danúbio. O mar possui uma grande importância para a cidade e fizemos um passeio de 1 hora e meia que nos brindou com lindas imagens da cidade à noite. Os reflexos das luzes de Budapeste no Rio Danúbio são imagens que ficarão guardadas na minha mente para sempre. Foi um verdadeiro espetáculo!!!

No último dia, para relaxar, ainda fomos numa casa de banho em Buda. Apesar de ter criado expectativas demais com essa tradição, acho que era parada obrigatória. Ajudou para relaxarmos um pouco.

Tivemos sorte com o tempo. Os dois dias foram ensolarados e quentes. Um calor que me fez lembrar o verão carioca. Felizmente o tempo tem sido generoso com nosso plano de viagem. Todos os lugares que passamos, o sol enchia o nosso dia de alegria. Chuva, somente no dia da partida, quando já estávamos prontos para pegar a estrada. Estamos seguindo a rota do sol.


Segunda-feira (Dia 08/09)

VIENA

Antes de partir, fizemos uma pausa para compras e para abastecer o tanque. Esse procedimento nos tomou certo tempo e acabamos deixando Budapeste no final da manhã. Seguimos rumo à Austria. Ao longo da estrada muitas surpresas com a mudança da paisagem. Chegamos na cidade por volta das 16:00 e caímos direto no centro, guiados pela nossa “Portuguesa” em direção ao camping. Ao chegarmos no nosso destino, um problema: o camping não exisia. Seguimos a esmo tentando encontrar alguma nova indicação e......nada. Resolvemos seguir rumo ao segundo endereço e mais um problema: dessa vez o novo camping estava fechado. Para pensar numa alternativa, encostamos a casa no estacionamento de um mercado e , enquanto mamae preparava o almoço, eu tentava procurar com meu pai o camping mais próximo dali. Foi a primeira vez que lidamos com uma situação como essa e valeu pelo aprendizado. Imprevistos acontecem e é preciso estar preparado. Conseguimos achar um novo recanto já perto das 19:00. Um lugar muito bem organizado por dois idosos, um pouco fechados mas bem educados. Já com as primeiras instruções, conseguimos perceber a disciplina e rigidez austríaca. Eles nos receberam bem, mas com poucos sorrisos. E foram impecáveis com as informações: mapa da cidade, orientação para chegada ao centro e retorno, passe de trem, horários, organização do camping. Gostei da recepção!!! Superou expectativas.

Em função do cansaço da viagem, só fomos passear no dia seguinte.

Fica difícil descrever em pequenas palavras a exuberância de Vienna. É uma cidade grandiosa, suntuosa e que respira arte e cultura para todos os lados. Suas inúmeras atrações deixam qualquer ser-humano completamente perdido, sem saber o que escolher ou priorizar. São tantos museus, atrações, possibilidades que um mês não seria suficiente para fazer tudo. É uma cidade encantadora e imperiosa, com um brilho único. E é conhecendo Vienna que percebemos o quanto à Austria é um país rico. Em cada esquina existe um monumento histórico, um museu ou parque em perfeita condição ou sendo restaurado. Nenhum sinal de abandono e mal trato. Nada.....é de colocar inveja em qualquer cidadão. A Áustria cuida de seu patrimônio histórico e cultural. Mas também cobra caro!!! Foi uma surpresa encontrar o preço dos alimentos e dos combustíveis mais baixos dos aplicados na Alemanha. Em compensação, todas as atracões são pagas (e bem pagas). Até alguns jardins e parques cobram bilhete de acesso. Em função dos preços, não pudemos ver muitas coisas, mas fomos ao zoológico (prestigiar o uso panda...tão fofo), comemos a verdadeira sahre torte e ainda assistimos um belíssimo concerto no palácio. Sem dúvida esse foi o ponto máximo em Vienna. Nossas almas sentiram-se mais leves ao ouvir Bethoven e Strauss na sala principal do palácio. Envolvidos por tamanha beleza e harmonia, voltamos para o camping completamente apaixonados por Vienna.


Quinta-Feira (Dia 11/09)

VENEZA

Acordamos cedo e rumamos em direção à um novo país: Itália. A primeira cidade a ser visita foi Veneza. Já na estrada nos encantamos pela paisagem montanhosa do interior da Austria. Nos deliciamos com os vales verdejantes, recortados por pequenas casas, fazendas e vaquinhas pastando. Parecia cenário de filmes!!! Tudo devidamente registrado nas dezenas de fotos que tiramos ao longo do percurso.

Na chegada à Costa Cavallino (próximo à Veneza) o cenário já era completamente diferente. A suntuosidade da Austria deu lugar à simplicidade da Lagoa de Veneza e ao mar Adriático.

Eu tenho uma teoria: acredito que o sol e a preseça de um rio ou mar numa cidade influenciam os hábitos dos cidadãos locais. Como carioca, posso garantir que a água e o calor modificam o dia-a-dia das pessoas. E acaba por criar um estilo comum em todas as pessoas que vivem nessas privilegiadas cidades.

Quando paramos o moto-home em Ponta Sabioni tivemos a nítida impressão de estarmos em casa, numa das pequenas cidades litorâneas no Estado do Rio. Cheguei a brincar que estávamos em Muriqui. E bem nos parecia!!!!

Mas a semelhança com a precária Muriqui foi por terra quando desembarcamos da Praça São Marcos na sexta-feira: Estávamos na bela e famosa Veneza.

A cidade é encantadora. Com um simplicidade ímpar, somente quem pisa em Veneza consegue entender a sua beleza peculiar. Nada de luxos, nada de prédios imperiosos, nada de grandes obras. Veneza não é uma cidade para se conhecer museus ou visitar igrejas. É uma cidade apenas para se curtir, sem pressa: para caminhar (e perder-se) por suas pequenas ruas, para navegar por entre seus inúmeros canais, para observar sentado o modo de vida da população local. Veneza é diferente de tudo e de todas. É simplesmente Veneza!!!

O ponto máximo da viagem foi observar um jovem rapaz que, numa sexta-feira à noite, manobrou seu barco (Por lá, nada de carros!!!) com a habilidade de um piloto de fórmula 1 e o estacionou numa vaga (para barcos) como quem estaciona um Fiat Panda. Em seguida, arrumado e cheiroso, saiu do seu veículo, equilibrou-se por entre parapeitos, canos e muros e chegou à terra firme, irretocável e charmoso (aqui abro parêntesis para informar que o povo italiano é o mais bonito até esse ponto da viagem). Gostaria de ter tido coragem para filmar essa belíssima cena que merecia estar numa indicação ao Oscar. Foi um verdadeiro colírio para os olhos observar de perto esse romantismo do cotidiano Veneziano.

No dia seguinte, já na dia da partida, ainda tivemos tempo para conhecer o mar adriático em Ponta de Sabioni. E eu pude ver uma das cenas mais pitorescas da viagem: Meus pais andando de bicicleta. Este feito está devidamente registrado pequeno vídeo. Infelizmente, após alguns metros pedalando minha mãe caiu. Mas não foi nada sério.


Sábado e Domingo (Dia 13 e 14/09)

FLORENÇA

Acordamos com chuva, saimos de Ponta Sabioni debaixo de tempestade. Que sorte que conhecemos Veneza no dia anterior, com direito à sol, calor e pouca chuva no fim do dia. Partimos em direção ao nosso próximo destino e seguindo a rota do Sol. Fizemos uma pequena parada em Bolonha para almoçarmos, mas a missão tornou-se complicada. O GPS nos levou até um estacionamento no centro da cidade, e aí pudemos conhecer de dentro do carro as ruas apertadas de Bolonha. Tanto que quase ficamos entalados em umas das ruelas. Foi um momento de verdadeiro pânico: Eu do lado de fora tentava conter os italianos histéricos e ajudava meu pai na manobra perigosa. Minha mãe quase dava luz ao quarto filho no banco do carro. Foi a prova máxima de que o trânsito italiano é caótico e difícil até para os mais motoristas mais hábeis.

Após um stresse memorável, resolvemos sair do centro em busca de um refúgio mais calmo. E tivemos a impressão que Bolonha não tinha muito a nos oferecer. Já no caminho para a estrada, paramos a casa-rodante e fomos em busca de um restaurante. Tudo fechado!!! Encontramos refúgio numa pequena Patticeria e comemos uma deliciosa lasanha de carne (a famosa à Bolonhonesa no Brasil). O dono do estabelecimento era um italiano forte que nos atendeu de maneira simpática. Saimos felizes!!!

Chegamos em Florença (A Firenze dos Italianos) por volta das 20:00. Já estava escuro e não havia tempo para nada além do descanço. O Tour pela cidade ficou para o Domingo. Cidade lotada de turistas e a chuva nos acompanhou. Acabamos pegando um ônibus Hop On-Hop off para facilitar o percurso. E acho que foi a melhor opção já que Firenze possui diversas atrações, algumas bem afastadas do Centro. Infelizmente não entramos em nenhum museu, mas a cidade respira o “Renascimento”. Belas esculturas espalhadas por todos os lados, igrejas majestosas (entramos no Domo na apagar das luzes), muita riqueza e beleza. Florença merece uma atenção especial em função de toda a história que guarda em suas obras. É provável que eu volte um dia para explorar todas as galerias e museus que a cidade proporciona. Antes da partida, um susto: A Marketa me enviou uma mensagem contando que tinha sofrido um acidente de carro sério. Liguei para ela preocupada e, felizmente, estava tudo bem. Apenas o susto e a dor de ver seu carrinho novo destruído. Rezei e agradeci a Deus por preservar a vida da minha querida amiga. Isso é o mais importante.


Segunda e Terça (Dia 15 e 16/09)

PISA E GÊNOVA

Resolvemos ficar somente dois dias em Florença e adiantar o plano de viagem. Na segunda seguimos em Direção à Gênova, com direito à parada em Pisa. Foi apenas uma passagem, para ver a Torre. Não é preciso ser engenheiro ou arquiteto para surpreender-se com a inclinação da mesma. E como é que aquilo ainda não caiu?!! É mesmo incrível!!! O fato é que a cidade tornou-se famosa por conta da Torre inclinada. Ficamos apenas nessa área da cidade, onde concentra-se as principais atrações. A chuva recomeçou e seguimos rumo à cidade de Cristovão Colombo.

Chegamos em Gênova e fomos direto para o camping, no alto da montanha. Saimos no dia seguinte para conhecer a cidade. Ficamos numa pequena e curiosa vila chamada Bogliasco. De lá partimos de trem até Gênova. Um dia foi suficiente para conhecer os principais pontos da cidade. Andamos pelas ruas, exploramos o Porto Antico (muito bonito), vimos a antiga casa de Colombo (pouco conservada). Almoçamos pelo Centro e visitamos o mercado da cidade. Essa foi o ponto máximo do dia. Eu adoro mercado, mas àquele tinha uma magia especial. Rodeados de conterrâneos autênticos enchemos as bolsas de produtos tipicamente Italianos. Comprei um delicioso pedaço de Grana Padano (o meu preferido), presunto, tomates, frutas, molho Pesto (o autêntico genovês), pão, queijo, enfim, uma infinidade de produtos com o delicioso sabor da Itália. Nosso jantar foi uma deliciosa “Polpeta” com arroz. Antes, uma entrada com pesto e pão, queijos, presunto e azeitona. Tudo acompanhado de um delicioso vinho que compramos na Rep. Tcheca.

Para completar a noite, uma conversa entre família que me renderam algumas grandes reflexões: a vida, a morte e o sofrimento.

Esses 18 meses passaram num piscar de olhos. Aos poucos fomos recordando toda a minha trajetória para o intercâmbio, as decisões, os inesperados que aconteceram no meio do caminho. Um fim de namoro, uma quase morte e outra totalmente inesperada. O tempo passou, e tanta coisa diferente aconteceu nesse período. Às vezes tenha a impressão de que minha vida é um livro, um romance, escrito aos poucos, a cada dia. Mas apesar das falhas cometidas, de alguns arrependimento, das incertezas do futuro, eu me sinto feliz e realizada. Talvez como nunca tinha me sentido. Me sinto livre, construindo minha própria história e deixando algumas marcas pelo caminho. Fiz muitos amigos, conheci muitos lugares, criei a expectativa de conhecer muitos outros. Agradeço a Deus todos os dias pela família que tenho e pelas oportunidades da vida...já foram muitas. Se tenho motivos para sorrir? Sempre.....mesmo naqueles momentos de dificuldade, quando choro e me desespero. Mesmo nos momentos de provação, quando penso que o mundo desabou sobre a minha cabeça eu tenho momentos para sorrir. E seria injusta se dissesse que não.


Quarta-Feira (Dia 17/09)

MÔNACO

Acordamos cedo, preparamos o carro e saimos do camping em direção à França. A primeira parada foi Mônaco, o principado da Princesa Stephanie. A cidade é linda e luxuosa. Babamos aos observar iates gigantescos parados no Porto local. Foi nisso que refletimos onde estão morando as pessoas verdadeiramente ricas desse mundo. E como existe uma desigualdade galopante. Permanecemos na cidade somente 3 horas, e foi o suficiente para visitar o jardim de rosas da princesa, o castelo da família Grimaldi e observar do alto o percurso mais famoso da fórmula 1. A vista foi um capítulo à parte. O contraste de um dia de sol (que nos acompanhava) com o azul do Mar mediterrâneo nos deu uma energia especial para seguirmos adiante.

Na volta ao carro, um lanche rápido e uma multa no vidro da frente. Nem tudo pode ser perfeito!!

Seguimos pela costa mediterrânea numa estrada nacional. Passando por pequenas vilas de veraneio, pudemos perceber como o turismo na região é explorado. A cada metro só víamos restaurantes e hóteis que tomavam todos os terrenos a beira mar. Tiramos muitas fotos, mas a chuva atrapalhou o cenário. Acabamos finalizando o dia num pequeno camping localizado numa pequena vila chamada Vale de Cagne.


Quinta-Feira (Dia 18/09)

CANNES

A parada foi somente para dormirmos. No dia seguinte, logo cedo, seguimos para Cannes, nossa próxima parada. O dia estava ensolarado e permanecemos na cidade por umas 2 horas. Foi o tempo de caminhar pela calçadão e observar o autêntico Top-less francês, tirar fotos no palácio do festival de Cannes e procurar as mãos dos artistas conhecidos estampados no chão. A cidade é lindíssima e respira o famoso festival de cinema. Possui lojas luxuosas e hóteis que costumam hospedar as grandes estrelas. E com tanto glamour, os preços eram para lá de “salgados”. Tanto que não tive coragem de dar 6 euros num simples imã de geladeira. A coleção vai ficar desfalcada, ao menos dessa vez.

Pegamos estrada em direção ao leste da França. Pelo longo trajeto, seguimos pela auto-estrada e acabamos não passando pela Provence...uma pena.

Olhamos o nosso guia e decidimos, através da foto, para numa cidade próximo aos Alpes Franceses chamada Annecy. Mas sabíamos que esta seria uma das melhores cidades de todo a viagem.


Sexta-Feira (Dia 19/09)

ANNECY

Pouco antes de chegar à cidade, resolvemos ficar na estrada porque já escurecia. Dormimos numa parada segura e no dia seguinte rumamos à Annecy. Chegamos lá às 8:00 da manhã. A cidade ainda estava adormecida e facilitou o estacionamento da nossa casa bem no centro. A idéia inicial era de permanecermos apenas por 2 horas, mas foi impossível não se encantar pelo clima da cidade. Acabamos ficando 5 horas.

De manhã fazia muito frio. Mas aos poucos o sol foi esquentando a nossa visita. Alguns passos e uma bela vista: crianças brincando no gramado, uma lago que refletia a cidade, uma ponte, pequenos barcos parados, um cisne nadando, um cenário lindo para muitas fotos. Mais alguns passos pela cidade e por entre ruas e pequenas lojas fomos descobrindo a magia do interior da França.

Para completar nosso dia ainda encontramos pelas ruas da cidade uma feira local repleta de frutas frescas, queijos e especiarias. Um verdadeiro presente!! Saimos de lá carregados de produtos franceses, em especial os queijos que eu esperava ansiosa para devorar.

Caminhamos pelas pequenas ruelas, observando as casinhas com seus alpendres floridos e lojinhas inspiradoras: adegas, docerias, perfumarias, cafés, floriculturas. Em uma das esquinas paramos extasiados com a uma canção que vinha de uma das janelas. Era impossível não emocionar-se com a combinação das notas e o cenário ao redor. Em Annecy tudo combinava, tudo emocionava. A cidade ficou marcada e desejei passar o resto dos meus dias por ali.


Sábado (Dia 20/09)

ZURIQUE

Após Annecy seguimos em direção à Suiça. Cruzamos quase todo o país na sexta e chegamos no camping já de noite. Foi ótimo observar a mudança de cenário entre França e Suiça. Muitos montes, pastos e o cultivo de diferentes produtos. A percepção que tivemos é que a Suiça aproveita cada pequeno espaço agrário que possui: Milho, uvas, frutas. Cada centímetro do solo é aproveitado. A estrada era linda e talvez por isso eu tenha criado tanta expectativa em relação à Zurique.

No sábado descemos do ônibus bem em frente à um “Flea Market”. Perdemos alguns minutos observando as exóticas mercadorias e seguimos para o centro medieval. Exceto por algumas curiosas construções da época medieval e pelo enorme lago da cidade, Zurique não tem muitos atrativos turísticos. É uma cidade com muito luxo e muita gente rica, vitrines de marcas e preços abusivamente caros. Tudo muito fora da nossa realidade de simples mortais. Para além disso, ainda estávamos raciocinando erradamente a paridade da moeda local. Quem foi que disse que o franco Suiço vale mais que o euro?? Isso nos causou uma enorme confusão. Na verdade o euro está mais valorizado!!! Mas mesmo fazendo a conta inversa, os preços eram absurdos. Não é a tôa que o país preserva o sigilo bancário dos seus correntistas.......Salve os bancos da Suiça!!! Pena que não tem nenhum dinheiro meu por lá.

Saimos da cidade com a sensação de que a visita valeu muito mais pela pausa no camping e pela espetacular vista que tínhamos do Zurique See, à nossa disposição. Voltamos mais cedo para nosso “cafofo” e ainda deu tempo de um cochilo vespertino. No final da tarde ainda tive tempo para sentar no banco e observar a bela paisagem: O imperioso lago e a cidade submissa à sua volta. Refleti um pouco, mas o frio era cortante. Definitivamente o inverno está chegando!!


Domingo (Dia 22/09)

FREIBURGO E OFFENBURG

Saimos do camping logo cedo e entramos de novo na Alemanha. Mais uma vez presenciamos a mudança drástica na paisagem. Resolvemos cortar Munique do roteiro em função do tempo e fomos direto para Freiburgo. Chegamos logo cedo e tivemos facilidade para estacionar já que era Domingo. Caminhamos pela cidade e gostamos da praça principal, com sua igreja e pequenos casebres antigos. O melhor momento foi ouvir um coral de homens (já maduros) que catavam e bebiam nessa praça principal. Ficamos sem entender do que se tratava,. Mas admiramos a afinação e a combinação que o cântico tinha com a cidade. Acabei filmando para registrar esse belo momento. Andamos um pouco mais pela cidade e partimos. Resolvemos dormir na estrada e para matar o tempo antes da chegada, acabamos parando numa outra pequena cidade chamada Offenburg. Como toda pequena cidade conhecemos a praça principal, a igrejinha e o pequeno comércio local. Para completar o cenário, casais de namorados espalhados pela cidade.

Dormimos cedo nos preparando para a última semana de viagem.


Segunda (Dia 23/09)

KOBLETZ

A idéia era chegarmos cedo em Hildelberg e pegar a cidade ainda acordando. Mas o despertador não tocou e nos atrasamos. Chegamos lá e a cidade já estava agitada. Pela falta de alternativas para estacionar o carro (na cidade existe um sistema estranho), acabamos desistindo e seguimos direto para uma pequena cidade no vale do Rio Reno, Kobletz. Pelo caminho cruzamos diversos campos com vinhedos. Aprendemos pelo guia que esta região é famosa pelos vinhos de uvas brancas. Ficamos surpresos e fotografamos o cenário. Fizemos apenas uma pequena pausa na cidade, ainda preocupados com a questão do estacionamento. Mais foi o suficiente para admirar o imenso rio Reno que cruza a cidade e caminhar um pouco por suas margens. Depois da pausa, seguimos em direção à Bruxelas. Pelo caminho traçado no GPS, acabamos cruzando a Holanda. Mas não fizemos nenhuma parada.


Terça (Dia 24/09)

BRUXELAS

Como chegamos em Bruxelas na segunda de noite, só saimos para explorar a capital da Bélgica na terça-feira. Depois de alguns meses eu retornava à cidade. Como eu já conhecia algumas partes, foi mais fácil nos localizarmos. Acabamos passando pelos mesmos lugares da primeira visita: Grand Place, Makeken Pis, Museu dos Instrumentos Musicais. Acabamos até entrando no Museu do Hotel de Ville e vimos a coleção de roupas no Maneken, além de outras exposições. Eu já sentia o cansaço dos meus pais em ver tanta coisa e acho que eles esperavam mais de Bruxelas. Eu gosto da cidade, gostei da primeira vez e continuei gostando dessa vez. Mas achei melhor não inventar nenhum programa diferente porque sei que eles já andam cansados de ver tanta coisa após 3 semanas de viajem. É natural. Acabamos voltando cedo para o camping antes que a chuva caisse.


Quarta (Dia 25/09)

BRUGGE

Acordamos cedo e seguimos em direção à Brugge. Abandonamos a idéia de irmoas até a cidade de trem e resolvemos seguir o caminho no motohome. Depois de 1 hora de viagem, chegamos à pequena cidade que encheria nossa quarta de alegria. Brugge é uma pequena cidade medieval cercada por um rio, que é navegável (vimos até grandes embarcaçôes navegarem pelo local). A cidade parece uma maquete montada e a cada passo nos encantávamos mais com a beleza e vida local. Caminhamos pela praça, andamos despretensiosos pelas pequenas ruas, tiramos milhares de fotos da casinhas de tijolinhos exatamente iguais. Ainda deu tempo de comermor um delicioso chocolate e fazer umas comprinhas na feira da cidade. Saímos de lá com vontade de “quero mais”.


Quinta (Dia 26/09)

AMSTERDAN

Chegamos na balada Amsterdan quase de noite. Ainda tivemos pique para sair do camping e explorar a cidade de noite. Mas a oferta saiu pior do que a encomenda. Como ainda nâo tínhamos visto a cidade pela manhã, entramos justamente pela área onde as diversas tribos se misturam. Acabamos ficando um pouco assustados com a diversidade e a noite de Amsterdam. Mas ficamos pouco tempo. Resolvemos voltar ao camping e nos prepararmos para o dia seguinte.

Pela manhã Amsterdan tinha outra “cara”……muito melhor. Apesar de toda a diversidade, conseguimos comprender a essência da cidade e gostei bastante do que senti por lá. Vimos a casa da Anne Frank, o Museu das Tulipas e o mercado das flores (um verdadeiro colírio aos olhos). Lá experimentei o pirulito de maconha…..horrível. Caminhamos sem pressa pelas ruas e olhamos as casas-barcos. Impossível não perceber as milhares de bicicletas que andam pelas ruas. São tantas que torna-se caótico. Em Amsterdam existe uma maior probabilidade de sermos atropelados por bicicletas do que pelos carros. Voltamos para o Estacionamento por volta das 16:00. De lá, começaríamos a nossa viagem de regresso à Hildesheim.


Sexta (Dia 27/09)

VOLTANDO PARA CASA

Dormimos na estrada, pouco antes de chegar à Hannover. No caminho, íamos recordando os melhores momentos, as melhores cidades, as melhores experiências e os “jargões” que surgiram ao longo desses 27 dias de constante convivência. Cansou, é verdade!!!! Mas eu repetiria tudo de novo, da mesma forma. Acho que conseguimos realizar um grande feito. Além de ser o nosso grande sonho, esse também é o sonho de muita gente. Vivemos cada minuto intensamente e aprendemos com a experiência. Também, estar com meus pais é muito fácil. Eles são pessoas maravilhosas e agradeci por poder viver isso ao lado deles. Apesar do pequeno planejamento, nos permitimos ousar e improvisamos. E acho que esses foram os momentos mais interessantes. O mais importante é que chegamos ao final felizes, agradecidos, realizados.



A VIAGEM EM NÚMEROS

Nº Componentes: 3 integrantes de uma mesma família- Mamae, Papai e Eu

Total Km: foram aproximadamente 5450 Km de estrada

Países: Passamos por 10 países

Cidades: Conhecemos 18 cidades

Gastos: Foram gastos em média 42 euros por dia por viajante

Consumo: O moto-home consumiu em média 9 litros de Diesel por Km rodado. Os viajantes consumiram em média 1 garrafa de vinho a cada 2 dias. Sem contar nas 4 cervejas belgas.

Fronteiras: Atravessamos 11 fronteiras. Não tivemos problemas em nenhuma delas.




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