Sessão de terapia

Tomo uma cerveja e como um petisco, sentada relaxada o novo sofá. Novo sofá, do novo apê, da nova cidade, do novo emprego! Tudo novo!! E que expectativa eu coloquei nesse NOVO, e que hoje já questiono a continuidade. Afinal, foi um dia dificil! Me recarrego, faço uma prece, peço uma orientação e a resposta vem imediata- "A mensagem da compaixão"! E como é dificil, neh?! Talvez seja essa a minha grande provação.
Tive um dia dificil no trabalho. Situaçoes que trazem à tona tantas questões da infância, tantas reflexões da terapia que são colocadas à prova ali naquelas horas torturantes de plena concentração. Desde que iniciei, há dois meses, sinto meu corpo somatizar a tensão nas costas, no peso da responsabilidade que eu mesma me imponho, no reflexo do meu pai e nas historias da laranja, que me ensinaram a ser melhor sempre. E são tantos reflexos que enxergo nessa liderança louca e workaholic. Eu falo para minha voz interna que não posso deixar que o comportamento do outro defina o meu comportamento, mas são tantos sentimentos profundos e complexos que fica dificil não trazer esses conflitos à tona. E choro, na tentativa de expurgar essas dores e incertezas de mim. 

Tenho uma incrivel admiração pelos meus pais (tanto que sempre choro quando falo disso). Acho que eles fizeram um otimo trabalho na nossa educacao, principalmente quando olha os o contexto da qual eles sairam. Mas tiveram erros, sempre há! Nós também vamos cometer erros quando for a nossa vez (choro de novo). No meu caso, desenvolvi uma grande e eterna necessidade de me sentir amada, talvez pela falta de afeto explicito, talvez pela minha propria carencia pessoal. O fato é que desenvolvi uma necessidade ímpar de nunca falhar, de sempre ser a filha exemplar para que o afeto fosse transferido para palavras de elogios e consideração. Desenvolvi uma necessidade colossal de reconhecimento, que se reflete em todos os aspectos da minha vida, seja na relação com meu marido, seja no trabalho, seja nas amizades. Hoje já tenho consciencia dessa necessidade, mas como é dificil romper com o processo repetitivo quando estamos vivenciando o comportamento ali na nossa frente. E mais uma vez fiz uma escolha que me mergulhou profundamente nessa dificuldade (ou seria oportunidade?!). E em um dia ruim como foi hoje, bate um desespero! Todos os sentimentos vem à tona. Sinto aquela vontade de sair correndo, de fugir ao invés de lutar! Lembro do passado, lembro do presente, penso no futuro. E bate uma frustração por perceber que o equilibrio que estava conquistando aos poucos dia-a-dia está tão longe ainda. Ai bate a gratidão, pela oportunidade de enxergar isso....e recomeçar. Mas logo volta a raiva, a vontade de romper, de fugir. E vem à tona a vontade ser mãe, de ser feliz, de priorizar o que me motiva, o que faz meus olhos brilhar! Ai lembro da responsabilidade, do conforto, das anulações pela família, lembro de novo do meu pai. Lembro de uma vida de sacrificios e penso de novo: será que esse não é meu grande barato? Se é, eu não quero! Desejo romper com esse sentimento de fortaleza abrindo mão da própria felicidade! Não quero fazer do trabalho um fim, apenas um meio. De aprendizado, de crescimento, de acumulo de bens, de causar impacto positivo. E tem que ser algo que traga satisfação, alento, voltado para o proposito de vida. Afinal, é muito desperdicio de tempo viver uma vida inteira se dedicando a algo que não se queira. Eu sigo tentando......ainda não cheguei lá! Mas hei de chegar! 

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