Dia do trabalho

Hoje é feriado de 01/Maio, dia do trabalho. Estou em casa (a de Juiz de fora) e acordei pensativa, bastante ansiosa, com milhares de pensamentos no futuro e nos meus reais desejos. Ao invés de ler, resolvi escrever para organizar as coisas e tentar voltar ao presente mais tranquila. Eu sei que a felicidade não está no passado ou no futuro. Ele está aqui nesse momento real, nesse sol matinal que queima a pele, no cheiro e gosto de café, nas montanhas ao fundo, na boa companhia diária, na nossa conexão com o mundo invisivel.  Mas a gente tem esse hábito de perder essa conexão interna e fica achando que a grama do vizinho é sempre mais verde. Culpa nossa por não processar verdadeiramente essa vida de rede social, em que todos estão sempre lindos, bem penteados, sorrindo, comendo pratos gostosos, passeando e viajando por lugares paradisiacos. Confesso que me sinto cansada dessa mentira "deslavada" que todo mundo conta por ai! Somos uma sociedade de desequilibrados, carentes, inconscientes, que propaga essa falsa felicidade para ver se nos sentimos um pouco melhores. E sofremos internamente com nossas proprias dores e desalentos, enquanto o outro acha que somos um mar de alegria plena.
Me sinto um "peixe fora d'agua"! Reflito sobre tanta coisa e nao consigo me render a esse mundo. Mas também não consigo romper totalmente com ele. Também não consigo criar conexão com amigos ou parentes porque acho que, no fundo, está todo mundo mergulhado nessa fábula encantada. Mas é duro mergulhar nesse universo profundo, dói em nós e dói no outro também, afinal, a ignorância conforta. 
Uma frase hoje ecoa na minha mente: "O que te impede de se sentir realizada?". Ruim dizer isso, mas é tanta coisa! Eu sei que tenho muito mais motivos para agradecer do que para reclamar, mas não estou vivendo uma fase em que me sinta plenamente realizada. E eu conheço aquele sentimento bom que é se sentir pleno porque já tive isso algumas vezes. Mas voltando ao universo da não plenitude, vamos as minhas reflexoes: 
- Primeiro ponto é a questão da maternidade. Atualmente sinto esse desejo latente em distribuir meu amor, em contribuir com a educação de alguém. Me preparei tanto para isso, criei tantas expectativas de dedicação que o fato de não controlar isso e de não ter chegado lá ainda, me deixa bastante frustrada e triste. Em paralelo ainda vemos tanta gente desequilibrada, despreparada, que dá a luz a seeres tão ingenuos mesmo sem querer,
- Segundo ponto é a questão do ambiente em que vivo. Queria ter uma casa de campo, simples, cercado pela natureza, pelo belo e pelo aconchego para eu me recompor todos os dias e fazer a minha criatividade alavancar. Sinto vontade de meditar na grama, de analisar a flor que cresce e de sentir o sol batendo no rosto. Tenho esperanças que conseguirei conquistar isso no médio prazo, mas ainda estou longe dessa realização.
- Terceiro ponto é a questão da profissão, que é o foco da minha reflexão de hoje. Eu tenho fé que um dia vou chegar lá, mas ainda estou longe. Sou entusiasta em relação às possibilidades do novo mundo, em que trabalho e paixão vão se misturar e a gente vai deixar de trabalhar apenas pelo dinheiro, negando nossos valores e nossas vocações. Sonho com o dia em que isso será privilegio da maioria e não da minoria como acontece hoje. Não vejo a hora (e gostaria de contribuir para isso) em que as horas de produtividade não serão mais medidas através do horário comercial, mas sim dentro da necessidade e capacidade de cada um, respeitando-se o ritmo individual do ser. Já é hora de nos livrarmos desse "ranso" da era industrial (linear, repetitivo, segmentado e previsivel) que não combina mais com a nova Era (não linear, multidisciplinar, conectado, exponencialmente imprevisivel). É preciso ampliar nossa percepção, nosso autoconhecimento para conseguirmos transformar o nosso trabalho em fonte primária de prazer. É preciso aprendermos a romper com as pequenas armadilhas que nos colocamos à prova diariamente. E falo isso por experiencia própria, pois enquanto estou trilhando essa busca, nessa caminhada de reflexão e experencias, sempre caio nas "ciladas" da vida pois ainda tenho dificuldades em reconhecer o que é melhor pra mim e também tenho dificuldades em dizer não. 
Temos um caminho árduo pela frente, pois não temos pessoas e lideranças preparadas para essa nova ordem mundial, mas essa mudança torna-se fundamental e inevitável. Quem estiver preparado vai curtir essa "mudança de chave" de forma suave e prazerosa. Quem não estiver preparado, vai se sentir inútil e injustiçado. 
Eu não vejo a hora de viver essa era em que poderemos ser nós mesmos e teremos a oportunidade de nos reinventar sempre, afinal, teremos muitas profissões ao longo da nossa vivênvia, que também será longa. 
Nesse dia do trabalho eu faço essa reflexão, lamentosa porque ainda não conquistei um trabalho dentro do meu proposito de vida, mas esperançosa que trilharei essa trajetoria e chegarei lá, acompanhando preparada todas as mudanças que estão por vir.



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