Histórias de Comboio

Na quinta-feira passada fui ao Porto para um evento do Projeto da Aiesec. Na volta peguei o comboio Porto-Braga das 20:45. Talvez inspirada pelas histórias de comboio do André, (que eu sempre acompanho através do blog dele) passei a observar mais as pessoas e a viagem. E foi divertido. Sentei-me diante de um casal de namorados, jovens e com um estilo próprio. A menina era linda, com uns olhos grandes e vibrantes, contornados com uma delineador preto. Me fez lembrar a Mirela, minha prima. O rapaz tinha cabelos grandes e um jeito roqueiro de ser. Eu fiquei ali sentada fazendo meu cachecol no tear da Luciana mas prestando atenção no que eles conversavam. Sei que não deveria, mas era inevitável. Eles vieram estudando uma língua diferente, que eu não consegui identificar. Talvez grego, ou russo, sei lá!! Também vieram "namoricando", uma dança bonita de se ver. Devem estar apaixonados...ainda!! Também estavam apertando uma bolinha macia, para relaxamento, e eu tive vontade de perguntar onde é que eles haviam arrumado aquilo. Na estação seguinte sentou ao meu lado um homem que deveria ter seus 40 anos. Alto, louro e vinha falando no celular um língua estranha. Pensei: "pronto, agora está completo". Meu cérebro vai absorver toda essa diversidade e eu vou descer em Braga falando Alemão. Até que não seria uma má idéia. O homem deve ser polaco ou romeno. Sei lá. Também não deu para identifica a língua que ele falava. Mas por fim, antes de chegar em Famalicão o homem acabou por perguntar, em português mesmo, o que era a tal bolinha. E até pediu ao jovem casal para experimentá-lo. Nesse mesmo instante uma senhora me aborda e pergunta: "Onde você comprou esse tear? Vim observando durante a viagem e achei muito simples de usá-lo". Tive que explicar que aquilo vinha do Brasil mas que era fácil de fabricar. Acabei por dar meu telefone para que ela entrasse em contato futuramente e tentasse copiar o utensílio. Achei graça e ri muito.
Engraçado observar as viagens de comboio de uma outra forma. Ali todo mundo se observa, mesmo que disfarçadamente. É o reflexo da vida, do dia comum, da convivência harmoniosa entre as pessoas. Fico imaginando como deve ser divertido pegar o comboio todos os dias e encontrar sempre as mesmas pessoas. Até sentimos falta dàqueles que se atrasaram ou que deixaram de viajar naquele horário. Sempre ficamos na dúvida sobre o rumo que essa pessoa tomou. É uma curiosidade natural. No fundo, as pessoas se tornam uma família, acostumados com aquela presença mesmo que não exista uma comunicação básica. E é assim que nossa mente vai trabalhando: observando a vida alheia, criando nossos próprios julgamentos, imaginando isso ou aquilo. E assim a vida vai seguindo, dentro e fora de um comboio.

Comentários

  1. Gostei de ver que te inspiraste nas minhas crónicas. A observação dos outros pode ser engraçada, desde que não com objectivos maliciosos... Já antes de o fazer no combóio, o fazia quando ia almoçar sozinho a um shopping. Sentava-me e observava quem estava à volta, e imaginava de onde vinham, quem seriam... É engraçado.

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