Desapegos (Escrito em 15/07/2018)

Ontem começamos a encaixotar a casa, guardar lembranças, rever memórias cobertas pela poeira e pelo dia a dia que nos consome e nos afasta desse passado. É uma oportunidade ímpar de agradecer todos os minutos vivenciados nesse lar, em que fomos muito felizes. E praticar o desapego, porque enquanto a gente encaixota a vida, percebemos o quanto a gente acumula coisas e o quanto elas podem nos prender nesse universo materialista, sem percebermos.  São os nossos óculos, as nossas revistas, os nossos livros. Tantas coisas que ficam anos ali paradas, guardadas em gavetas e armários sem que a gente se dê conta, e nos toma tanta energia.
Por isso é importante deixar ir.....porque pode doer na hora, mas depois de alguns meses, quiçá dias, a gente nem se lembra mais desses pequenos objetos que nos prendem a esse mundo de carne. O que a gente guarda mesmo (eternamente) são as lembranças. A memória de um sorriso, de um abraço de conforto, de uma palavra amiga, um dia de descanso, uma risada divertida. São as experiências que ficam e nos ensinam. As coisas.....ah....essas se desfazem ao longo do tempo: a traça corrói, o papel se desfaz, o tecido amarela. Enfim, acaba-se como um romance de férias. Mas nessa vida doida que temos, nos esquecemos disso. E temos a tendência de comprar, adquirir, acumular, sem a menor necessidade de se questionar. 
Por isso, nesse momento de mudança, em que somos obrigados a guardar os bens adquirimos até aqui, eu imagino um futuro bem mais colorido, onde o compartilhamento é o valor mais importante. Penso num momento em que todos vão compartilhar seus talentos, seus bens, seu conhecimento e aptidões. E a gente vai poder viver em um mundo mais igual, humano e colaborativo.

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