10/03/08- Bye Bye Portugal- Mensagem de fim de intercâmbio......e de um novo recomeço

De Braga segui rumo à Lisboa, tirar umas férias e aguardar notícias sobre o maldito documento (ZAV) chega da Alemanha. Foi uma semana boa, mas bem agitada. Entre encontros com amigos, passeios e assuntos burocráticos para a retirada do visto, acabei fazendo algumas reflexões sobre essa minha experiência e eu gostaria de deixá-las registradas aqui.

- Muitos pensamentos e reflexões
Em matéria de auto reflexão, pensamentos e devaneios, esse ano foi o melhor de todos. Perdi às contas das vezes que eu conversava comigo mesma, procurando compreender meus atos, minhas motivações e meu demônios. No caminho do trabalho, na viagem de comboio, observando as pessoas, a cada minuto minha mente trabalhava. E foi divertido fazer esse constante exercício. Nessa brincadeira eu aprendi a me conhecer. Também pude ir aos poucos tentando melhorar meus defeitos, tentando aumentar minha percepção sobre o que é certo e o que é errado e fui tentando compreender as diferenças entre os seres humanos (ainda não suficientemente compreendido).

- Portugal e seus costumes
Viver em Portugal foi emocionante. O país tem paisagens belíssimas, um clima bom (excepto pelas chuvas de Braga) e um povo magnífico. Tenho que reconhecer que fui bem tratada ao longo de toda a minha estadia, em todos os sentidos. Nao tenho motivos para reclamar desse povo que me acolheu de braços abertos e que permitiu que eu fosse muito feliz durante esse ano. Os portugueses conseguiram desmistificar nos meus valores o estereótipo de “grossos” e “enrolados”. É claro que houveram alguns (poucos) episódios em que pensei: “Eta povinho enrolado!!”. Mas esses eventos foram exceçao e acabaram por tornar divertida a minha aventura. Além disso, é um povo que come muito bem (ai...ai...o bacalhau) e que tem costumes magníficos. Me senti em casa talvez pela similaridade com o Brasil. Em nossa cultura, nao negamos que fomos colonizados por eles. Estou dando Adeus à Portugal cheia de saudades. E faço planos de retornar.......um dia.

- Haviam pessoas ao longo do caminho
Sem dúvida as pessoas foram o que de mais importante aconteceu nessa minha experiência. Já escrevi sobre isso diversas vezes. Foi impressionante como eu aumentei a minha rede de contatos. Agora conheço pessoas nos 4 cantos do mundo. E isso nos transforma, porque a convivência com pessoas de vários lugares do mundo, com hábitos e tradições distintas também causa um impacto na nossa forma de viver e de observar os fatos. Isso amplia a nossa visão de mundo e nos torna seres melhores. Também foi incrível perceber como existem pessoas especiais no mundo. E fico feliz por muitas delas terem cruzado o meu caminho ao longo desse ano.


- Os caminhos por onde andei
Ixi...Andei por tantos lugares, visitei muitas cidades e conheci outros países. Fico feliz por ter conseguido viajar tanto ao longo desse ano. Minha coleção de imãs cresceu muito em função dessas minhas badalações. Foi mágico poder passar por lugares que até então eu só tinha ouvido falar pela televisão ou pelos livros. Foi bom poder comparar, opinar, reagir. Foi bom aumentar minha visão de mundo e, baseado nisso, poder decidir o lugar que eu quero viver. Sozinha ou acompanhada, eu curti cada novo lugar que essa experiência me proporcionou. Procurei esgotar todas as possibilidades de pontos turísticos, os cheiros, as comidas, as tradições. Mas o tempo estava sempre contra mim. Mas eu soube administrar minhas expectativas. As viagens que fiz foram muito prazerosas e também me fizeram pensar em voltar, com mais calma, ao lugares que merecem um “bis”. E me fizeram ter apetite para explorar os muitos outros lugares que existem.

- A job Experience na Delphi
No início eu estava preocupada, mas sempre tive em mente que o trabalho não era prioridade nessa minha experiência. Mas conforme os meses foram passando, eu comecei a gostar “da coisa”. Aos poucos, inventei novas rotinas, melhorei alguns relatórios, criei outros novos. Enfim, procurei fazer o melhor sempre. E acho que deu resultado: ganhei a confiança do meu chefe e ainda um convite para um novo estágio na Alemanha. No final, me sentia útil e totalmente integrada ao processo. A equipe também era perfeita. Com cada um deles, sem excepção, aprendi algo novo: aprendi sobre novas tarefas e também sobre comportamentos e atitudes. Também me diverti muito. Apesar de não ter nenhuma expectativa em relação ao meu aprendizado profissional, posso afirmar que trabalhar na Delphi foi extremamente enriquecedor. Foi uma experiência gratificante e que contribuiu muito para meu aprendizado profissional e pessoal. Incrível!!

- As trilhas sonoras
Durante essa experiência, algumas músicas marcaram meu passos. A primeira delas foi “Put your records on”, da Corinne Bailey. Essa música estava na minha cabeça durante toda a viagem de avião e me acompanhou durante muitos momentos. O tema sonoro para os momentos alegres era sempre “Love Generation”, do Bob Sinclar. Impressionante como essa música vinha na minha mente sempre que eu estava observando a viagem ou dirigindo sozinha pelas estradas de Portugal e Espanha. “With or without you” (U2, mas na versão do Keane) e “Boa sorte” (Vanessa da Mata e Ben Harper) eram a minha trilha sonora para os momentos de inspiração. Também estive muito tempo com a versão de “Amor perfeito” na minha mente. Por fim, a música que marca o fim da minha estadia é “Wave”, do Tom Jobim. Talvez seja pela letra ou mesmo pela canção que me faz recordar de momentos intensos vividos durante esses 390 dias, afinal, “É impossível ser feliz sozinho”.

- Hey Aiesec......
É engraçado como as coisas na minha vida têm um encaixe perfeito. Não poderia ser mais perfeito fazer um intercâmbio num país de língua portuguesa. Inicialmente eu fiquei um pouco triste pela impossibilidade de aprender um novo idioma, ou de praticar o inglês. Mas com o tempo fui percebendo que fazer um estágio em Portugal iria me proporcionar aquilo que era uma das minhas prioridades: Um forte envolvimento com a Aiesec. E isso foi mesmo perfeito!! O fato de entender a língua me permitiu participar ativamente dos eventos, facilitar algumas sessões, participar de conferências e ainda fazer parte de um time de OC de uma PBOX. Além disso, tive a felicidade de cair no melhor CL de Portugal, com um EB totalmente preparado, com membros ativos e dedicados e ainda com uma agenda repleta de atividades. Melhor impossível!!!

- Algumas pedras no caminho
Claro que nem só de flores se faz uma experiência de intercâmbio. Apesar de todas as coisas boas, também me deparei com alguns problemas e desilusões. A maior de todas (é claro) foi ter perdido minha madrinha de forma tão abrupta e estando tão longe. Sofri muito, mas também acho que essa experiência me fortaleceu, principalmente porque sei que ela cuidou de mim ao longo desses meses. Isso também me fez compreender algumas questões que transcendem o mundo terreno.
Também tive alguns problemas de relacionamentos, algumas briguinhas e desentendimentos bobos. Todos eles acabaram bem, mas me dotaram de uma profunda reflexão sobre meus comportamentos e manias. Nesse contexto, procurei melhorar seus hábitos e aprendi a pedir desculpas e a perdoar. Acho que também aprendi a compartilhar mais as coisas. E isso causou um grande impacto na minha forma de viver.
Também não foi um ano muito positivo na parte intelectual: Li poucos livros, não li nenhum jornal e não assistia aos noticiários na TV. Fiquei totalmente alheia aos fatos econômicos, políticos e sociais tanto no Brasil como em Portugal. Espero não repetir essa falha agora.
Também não desenvolvi minha religiosidade, não fiz muitos trabalhos voluntários e nem fiz exercício físico. UFA!!! Ao menos eu tenho consciência dessas lacunas e pretendo corrigi-las nessa nova experiência.

- Mensagem Final
Acredito que cada momento vivido ao longo desse ano foi único e especial. E cada um deles me ajudou na transformação da “Rosane” de hoje, que é bem diferente daquela que saiu do Brasil há um ano atrás em busca de novos desafios. Mas a grande mensagem final que guardo dessa rica experiência é que “Nenhuma decisão na nossa vida é definitiva”. Por maior planejamento que se tenha sobre seu presente e sobre o seu futuro, por mais difícil que sejam as decisões a serem tomadas, por maior perda que se tenha, nada é definitivo. Tudo muda. A mudança é a energia que move as nossas vidas. Por isso, de nada adianta sofrermos por antecipação ou desperdiçarmos tempo pensando nos nossos próximos passos. O mais importante é viver intensamente cada minuto, com responsabilidade, é claro. Podemos até estabelecer objetivos de longo prazo, porque é importante ter um objetivo na vida. Mas devemos ser flexíveis para modificar as metas ao longo do caminho. Em um ano muita coisa muda em nossas vidas e é importante ter consciência disso. É com esse pensamento, que sigo rumo à uma nova experiência de intercâmbio. E tenho a certeza que essa será bem diferente da primeira. Mas estou aberta a novas possibilidades e à novas decisões. Que venha a Alemanha!!

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