"Eu não sinto nada"

Minha mãezinha sempre tem belos ditados e um dos que eu mais gosto diz que "Quando a cabeça não pensa, o corpo é que padece". Deveria ter lembrado disso na sexta-feira à noite, antes de concordar com a espetacular programação de sábado. Eu, juntamente com outros amigos, fomos fazer uma caminhada, ingênua, minuciosamente planejada e discutida. O trajeto previsto demoraria 6 horas, três subindo e três descendo. Desde o início estive relutante, já consciente de que era demasiado. Para além disso, ainda me perturbava a possibilidade de sentir o meu novo par de tênis, lindo e branco, esmagar meu lindo pézinho.

Mas vamos lá....."quem está na Alemanha é para se molhar". Saimos bem cedo (lá se foi o meu plano de dormir até tarde no sábado) e seguimos rumo ao parque de Harz. Começamos a caminhada às 10:30. À essa altura havia energia de sobra. Subimos, andando por 3 horas e 15 minutos. Uma bela subida, diga-se de passagem. O caminho era íngreme e custou um bocado a respiração. Mas valeu pelas belas paisagens que víamos pelo caminho. Apesar da respiração cansada, chegamos ao Brocken, ao monte mais alto da Alemanha do Norte, com seus 1.141 metros de altitude. Uma vitória!! Após a andança, nos largamos na relva e saboreamos nossos deliciosos sanduiches (que à essa altura já pesavam na mochila). Ainda deu tempo para uma fotinho com a bandeira do Brasil. Essas coisas sempre temos que registrar. Depois dos músculos demasiadamente relaxados, resolvemos fazer o caminho de volta. Só que dessa vez optamos por uma outra rota, menos íngreme....pero.....mais longa. Meu Deus!!!
Aí começou a minha tortura. Primeiro porque meus pés já começavam a doer. Depois porque exitei por duas vezes em voltar de trem. E tive que viver com essa culpa pelas horas que seguiram-se. Teria sido a decisão mais acertada e terminaria o passeio "fresca e fofa", ainda com a marcha super simétrica. Mas não....preferi sentir cada parte do meu corpo doer em etapas: os pés, as pernas, a coluna, as nádegas, tudo. Após 3 horas e meia no caminho de retorno, já não sentia mais nada. Estava no piloto automático e só andava para frente em função da inércia. O que me fazia sorrir era a consciência de que nenhum sofrimento é eterno. E o meu ia acabar....só demoraria mais alguns Kms. UFA!!!
Enfim chegamos. Eu me atirei no carro e arranquei o sapato fora. É claro que meus pés estavam inchados e repletos de bolhas e afins. E eu já estava tensa só de pensar nas dores do dia seguinte.


Bem, no fim das contas, apesar de toda a dor e cansaço, valeu a pena. Valeu pela paisagem (belíssima), valeu pelo grupo que é super divertido, valeu pela interação e pela superação dos limites (e certamente foi). Mas da próxima vez, acho que vou optar por um passeio mais tranquilo. Quem sabe um barzinho. E de preferência com cadeiras.
Essas caminhadas, meus amigos, é o tipo de programa que fazemos uma única vez na vida!! Como diria a Ana "One time experience" e nada mais.

Comentários

  1. Pois foi uma canseira... mas tb não sei o que é pior: a caminhada ou a maratona dos relatorios... Nestes ultimos dias para onde quer que eu me vire... ai estão Kms à minha frente, kms de folhas em excel ou kms para caminhar.
    Mas resta-me a consolação que em qualquer uma dessas aventuras, não estou sozinha, tu tas lá comigo :)

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