Penso.....logo vivo - "Imigração"

Ao longo desses meses eu vivi muitas experiências que me induziram ao tema "migração". Vivi e trabalhei 14 meses em Portugal (por vontade própria), e depois ainda vivi e trabalhei 6 meses na Alemanha. Durante esse período convivi com amigos emigrantes portugueses e até fiz parte de um grupo carinhosamente entitulado "emigretes". Além disso, sofri na pele uma dura experiência de deportação (como turista) e fui impedida de cruzar outro país sem visto (dessa vez de forma mais branda). Também vi algumas cenas chocantes ao longo da minha jornada pela Europa que deixaram meu coração apertado e meus olhos cheios de lágrimas.
Mas afinal, o que leva um ser humano a largar o seu país (por pior que seja) para tentar um futuro melhor num território desconhecido? É claro que as razões que fazem com que meus amigos portugueses vivam na Alemanha, não é a mesma que levam paquistaneses à arriscarem suas vidas na travessia da Grécia para a Itália ou milhares de brasileiros emigrarem para Portugal todos os anos. As condições são diferentes e as motivações também. Mas para qualquer uma delas é necessário, sobretudo, coragem. Coragem para conseguir manter-se longe de sua cultura, família e amigos. Coragem para viver o seu dia-a-dia sentindo-se um intruso e, por muitas vezes, sentindo o preconceito dos habitantes locais. Também é preciso coragem para vencer a saudade do seu país e de tudo o que você deixou para trás. Por todas as dificuldades não posso crer que seja uma decisão fácil. Ainda mais quando isso impõe riscos, no caso da imigração ilegal. É preciso um grande desespero (muitas vezes financeiro) para levar um ser humano à essas condições.
Não condeno àqueles que decidem dar esse passo. Acho que cada um já carrega dentro de si a dor de mudar de país. Mas também não concordo com àqueles que negam suas origens e desperdiçam seu tempo criticando o país na qual nem vivem mais. De certa forma, cada um de nós é responsável pelo local que vivemos. As transformações ocorrem sempre de "dentro para fora". Se somos incapazes de mudar nossos pensamentos, como podemos almejar um país mais justo?
Eu já estabeleci na minha mente uma lista de motivos que me fazem voltar à meu país. E, por enquanto, a decisão é arbitrária. Pode ser que eu me arrependa um dia e que, por alguns instantes, deseje retornar à Europa. Mas hoje, apesar de ter passado meses maravilhosos que renderam-me um aprendizado pessoal, só consigo pensar na possibilidade de viver no Brasil. Muito porque é aqui que estão a minha família e meus amigos de infância. É aqui que está a minha história.

E por mais que esteja assustada com todos os problemas que o Brasil possui (e que não são poucos), me sinto responsável por lutar por um país melhor. Mais do que isso, me sinto capaz para tal coisa!!

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