Longa trajetória rumo à França

Saí de Roma num trem noturno. Essa aventura foi um capítulo à parte. Aliás, a viagem até Marseille foi um longo capítulo: Roma-Gênova-Ventimiglia-Nice-Marseille. O terror do trem comparou-se com a viagem de Tessaloniki à Atenas: Pessoas estranhas, muita sujeira e um cenário do século passado. Me arrependi amargamente por não ter feito reserva e acabei ficando sem lugar para sentar já que, mediante àquele contexto, não queria ficar longe da minha mala. Depois de viajar quase 1 hora de pé e xingar todas as minhas encarnações, acabei encontrando uma boa alma. Um senhor italiano me cedeu seu lugar porque já desceria na próxima estação. Além disso, ainda me ajudou a colocar a mala no compartimento de cima. Só precisei ficar de olho porque o trem estava mesmo mal frequentado e fui alertada sobre os perigos de roubo....mais histórias para contar. No fim acabei dormindo um pouco e desci em Gênova às 5:30 para pegar outro trem até a fronteira. Na chegada à Ventimiglia, o clima de tensão pairava na estação. Alguns policiais pediam documentação à algumas pessoas que pareciam estrangeiras. Um mixto de controle com preconceito, porque ninguém me abordou. Tive pena daquelas pequenas almas que tentavam chegar a seu destino amendrontadas pela ilegalidade. O pior foi ver um rapaz que minutos antes teria me ajudado a subir as escadas com a mala, ser retirado arbitrariamente do trem por uma policial francesa. Deu pena olhar nos olhos daquela criatura e perceber que teria fracassado na sua tentativa de atravessar a fronteira. Fiquei triste e mais uma vez pensei na questão da imigração ilegal...O que faz um ser humano largar seu país e arriscar sua vida com essas condições? Foi reflexão para toda a viagem.
Bem, depois de muito viajar (e pensar) cheguei à Nice e resolvi caminhar um pouco pela cidade. Em poucas horas descobri a praia e uma pequena feira cheia do encanto francês. Logo depois já seguia para Marseille. Cheguei quase de noite e a Zaz ainda levou-me para um passeio de moto. Fomos até a casa de um amigo dela, onde tinha uma verdadeira festinha internacional: 2 brazucas, 4 venezuelanos, 2 turcos, 1 canadense, 2 franceses, uma verdadeira salada cultural. Foi divertido!!
No dia seguinte me despedi dela e do Paco (o namorado pintor) e fui caminhar em Marseille. Acho que foi o suficiente para conhecer um pouco desta pequena cidade. De noite já seguia rumo ao novo destino: Espanha.

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